UMA GRANDE VIAGEM DE MOTO 2010

Confira o diário de bordo da viagem realizada por nove estados Brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais e São Paulo) de 21 de Julho a 04 de Agosto, por 4 amigos motociclistas.

Uma viagem sempre se inicia por um sonho! Desta forma, há mais de ano nasceu o sonho de conhecer e explorar locais mundialmente reconhecidos como maravilhas da natureza e que estão aqui no nosso Brasil, tais como: Bonito (MS), Chapada dos Guimarães (MT), Rio Araguaia (na divisa de Mato Grosso e Goiás). Também era nosso desejo participar do 7º Moto-Capital em Brasilia (DF), para reencontrar amigos que comungam do mesmo gosto pelo mototurismo. Logicamente tudo isso como uma justificativa aceitável para rodar de moto e promover o 14º Mercocycle (08 a 10 de outubro e 2010 em Santa Maria/RS www.gauderiosdoasfalto.com.br).

O primeiro passo foi convidar parceiros que se parecessem conosco, no gosto pela moto-aventura, parceria, seriedade, amor a família e responsabilidade. Artamos em cheio, são eles:

 

  • Cleber Winckler da Silva - Yamaha TDM 900
  • Luiz Fernando Jaques Cunha - Suzuki Vtrom 1000
  • Milton Luiz Moraes de Andrade - Suzuki Vstrom 1000
  • Vitor Hugo Dal Molin - Yamaha Fazer 600.

 

Assim sendo, no dia 21 de julho 2010, às 06:45 no Posto Dutra, tendo por primeira testemunha o nosso amigo Renato Lopes (que foi dar uma forcinha na saída, ou se certificar que nenhum ia desistir). O clima era chuvoso e frio, numa segura demonstração de Deus que seríamos pequenos na empreitada e teríamos de levá-lo junto em nossas orações, o que “de pronto” o Andrade puxou a oração, pois não somos “bobos nem nada”.

Nossa primeira “pernada” foi até Toledo (PR). A chuva que nos acompanhou até Iraí (RS), não chegou a fazer baixa, mas que “assustou, há isso assustou”, pois a estrada de Seberi (RS) até a fronteira do Rio Grande do Sul e Santa Catarina está em estado lamentável, e mais o tráfego intenso de caminhões completou o “angu” hehehe.

Na passagem pelo rio Uruguai o sol deu as caras e o frio também. Após um bife com salada na terra dos Cães do Asfalto e do famoso Motocão em São Miguel do Oeste. Chegamos às 19:00 a Toledo(PR) diretamente na residência de meus tios Neuza e Aldo Copetti, conforme havíamos planejado. Aqui um registro especial: O “gaúcho veio”, natural de Santo Ângelo (RS) estava esperando na frente da casa com a cuia do mate na mão, faceiro “que nem pinto na quirela” e a minha tia, juntamente com a prima Magale, estava aprumando uma galinhada daquelas, que nos faz lembrar até hoje de tão boa. Uma surpresa que nos marcou foram às presenças dos primos José (salário) Copetti, sua esposa Tutti e os filhos (Gabriel e Martha), o Roque juntamente com os filhotões, bem como o Evandro, esposa e os filhos João e Mariana, dando uma dimensão especial aquele momento e nos fazendo ver o amor e a força da família. Valeu meus tios queridos!

No dia seguinte, acordados pelo tilintar dos talheres do café que se fazia, e pelo cheiro do chimarrão especial, fomos montando as tralhas e nos preparando para a partida. Registro aqui a presença de meu primo Salário (mas que apelido lhe deram aí heim primão!), que veio dar força na saída que ocorreu logo após o café preparado com muito amor pela tia Neuza.

Rodamos 90 km de forma rápida e parecia que chegaríamos “cedinho da tarde” em Bonito (MS). Mas eis que encontramos uma cerração, daquelas de não ver nada, “nem presente e nem futuro”. A saída foi grudar num caminhão e deixar a estrada rolar, e assim fizemos por 80 km, nos deixando bastante estrassados, molhados com frio e fome. Quando chegamos a Dourado (MS) concluímos que valeu a nossa persistência, pois tivemos a oportunidade de ver e fotografar o rio Guaíra, bem como a ponte Airton Senna (graaande Airton!).

Passamos rapidamente pelas cidades de Maracaju e Jardin, e finalmente estávamos a 60 km de Bonito, quando paramos para fazer os devidos registros nas placas indicativas. Na chegada fomos recepcionados pelo Jean, filho do nosso amigo Peralta (Pousada do Peralta - contato@pousadadoperalta.com.br), recebendo aquele carinho que se estenderia por todos os dias em que por lá ficamos. As sugestões e organização apresentadas pelo Peralta foram determinantes para o sucesso de nossa estada. Gostaríamos de registrar a facilidade do voucher único implantado em Bonito. Definimos os passeios e o Peralta fez toda logística, inclusive disponibilizando o seu Fiat Uno (TransPeralta), para que melhor aproveitássemos.

Visitamos o balneário municipal, onde pudemos verificar a riqueza subaquática existente no local, principalmente pelas espécies de peixes (me fez pensar que estive por toda a vida pescando nos lugares errados - brincadeirinha né! - tal a quantidade de piraputanga e dourado existente no local). Após, fomos à Fazenda Rio da Prata, um santuário, com local de recuperação e preservação da mata amazônica, nascentes de rios maravilhosas, onde praticamos a flutuação e mergulho, além do contato com uma natureza privilegiada. Neste momento não imaginávamos que a atividade a seguir seria ainda mais marcante, a descida do Rio Formoso de bote. Foram momentos de boas gargalhadas e muita energia positiva, juntamente com turistas de várias partes do mundo, nos transformando em verdadeiros Indiana Jones.

A segunda fase da viagem (Bonito a Cuiabá) se iniciou no dia 25/07, pontualmente às 07:00, após o provincial café da manhã organizado pelo Peralta. Após muitas conversas com conhecedores destes locais, decidimos mudar um pouco o roteiro, indo em direção a Sidrolândia, mas infelizmente o “GcleberPS” falhou, erramos uma quebrada e acabamos em Aquidauana a 130 km de Campo Grande. Ajustado o novo roteiro conhecemos uma face diferente das situações vivenciadas até então: pessoas totalmente despreparadas para dar qualquer informação, nem a próxima cidade eles sabiam o nome e nos passando informações confusas, tais como não existir postos de combustível no trajeto até Coxin (250 km distante de Campo Grande). Desta forma formos forçados a entrar em Campo Grande onde perdemos mais de 1 hora para retornar ao roteiro inicial.

Retomada a estrada chegamos a Rondonópolis. O estresse já tomava conta do grupo, pois a noite havia chegado e o cansaço também (o radicci digo Dal Molin já estava vermelho! kkk). Assim nos hospedamos na Pousada Real, flor de hotel. Após rápido banho estávamos prontos para conhecer a cidade, o que fizemos de taxi indo diretamente a uma pizzaria tradicional. Desta forma pudemos sentir um pouco do clima da cidade, que tem muitos sulistas e guarda os mesmos hábitos de cidades do interior do Rio Grande do Sul, principalmente em ficar girando de carro ao redor da praça (bobódromo), muito interessante! Além disso, o nosso choffer era um caso a parte, totalmente “dadinho”, mais um pouco nos deixava mal pelas sugestões que apresentava. Acredito que nos confundia com os “turistas vereadores” deste Brasil a fora.

No dia seguinte Cuiabá (MT). A estrada que liga Rondonópolis a Cuiabá demonstra a pujança deste país. Olha-se de um lado soja, de outro sorgo, mais adiante cana de açúcar, mais além algodão e assim vai até Cuiabá. Também verificamos muitas obras de infra-estrutura rodoviária, o que seria muito comum nos estados de Mato Grosso, Goiás e São Paulo.

Nossa chegada se deu de forma tranqüila e seguindo o GP ...deixa prá lá! Chegamos diretamente no Hotel Veneza, onde previamente já havíamos realizado reservas. Casualidades existem e ao lado do hotel havia uma revenda da Yamaha e seu proprietário nos recebeu de forma muito amiga, providenciando a lavagem e abastecimento das máquinas (que estavam em situação de penúria!). Deixamos aqui um agradecimento ao Isac da Silva, da Motoforte que tem em sua logomarca a frase: “50 anos com você, mais 50 anos para você”, que tal isso! Esperamos visitá-lo novamente ou recebê-lo aqui no Sul para retribuir a forma como nos recebeu em Cuiabá (MT).

Após estarmos devidamente alojados, fomos procurados pelo motociclista Jorge Abech “índio velho” do ramo automotivo, dos Bodes do Asfalto, que nos alegrou até a entrada da noite, quando caminhamos pelo bairro para conhecer um pouco da cidade. Logo mais fomos para a casa dos Demenegui, meu padrinho Ernesto Demenegui, e a prima Loreci (brilhante empresária e jornalista), com suas filhotas, Kassira (Psicóloga) e Thiana (Designer e Relações Públicas). Reencontrar a família é tudo de bom! Chegaram os primos José Luiz (Zé), a Ana sua esposa, filhos João Pedro e José Luiz. Interessante que sempre tem algo “sui generis” nestas viagens, desta vez não seria diferente. O Zé primo teria sido colega de aula do Andrade lá em Santo Ângelo (RS), e havia uns 35 anos que não se viam e nem imaginavam que estariam frente a frente em Cuiabá, ficou bonito! Enquanto isso a Lori se esmerava em fazer aquele pintadinho delicioso, acompanhado de várias delicias de “quem sabe fazer”, assessorada pela filhota Kassira, momento este que mereceu um violão e algumas músicas para mostrar o potencial da turma (o DVD sairá em breve!).

Após, fomos para o Armazen do Sabor, local requintado da noite Cuiabana, que através de sua “segunda sem lei”, fez a gurizada delirar, me fazendo “recolhê-los” para o Hotel. No dia seguinte, já devidamente motorizados com o Toyota da Ana (obrigado Ana!), fomos para a Chapada dos Guimarães. Aqui um registro: não fosse o ponto turístico Véu da Noiva estar fechado para visitação, em plena terça-feira e não termos sido avisado, o passeio teria sido muito mais apreciado, não só por nós, mas também por dezenas de turistas recifenses que também bateram com a cara na porta. Sugiro aos responsáveis darem uma olhada nisso, pois falta informação nos hotéis de Cuiabá, além de mapas. Tirando isso o local é lindo, maravilhoso e nos faz pensar o quão pequenos somos diante de tamanha maravilha.

A noite chegando e fomos visitar os empreendimentos da família, a exemplo do Armazén do Sabor, o PUMP Chopp Grill (www.pump.com.br), um local muito apreciado pelos cuiabanos e cuiabanas, que logicamente tem bom gosto. Após fomos novamente para o Armazen do Sabor onde fomos brindados pela casa com um carneiro assado pelo gaúcho lá radicado há mais de 20 anos, regado a um chopinho “no ponto”...êita vida boa!

Saímos de Cuiabá no clarear do dia, rumo a Barra do Garça. Em uma pilotagem segura e atenta passamos pela cidade de Paredão, e infelizmente vimos muita mata do cerrado queimada ou queimando, o que é comum nesta época do ano. Chegando ao nosso destino nos hospedamos no Araguaia Palace, onde pudemos curtir um pouco da culinária da região, bem como nos deslumbrar com o rio Araguaia, tão importante para aquela região do nosso país. Registro: em frente ao hotel havia um barzinho com um telão, onde os São Paulinos de preparavam para assistir o jogo Inter x São Paulo - Copa Libertadores. Me fardei da “cabeça aos pés” e me misturei, acompanhado dos parceiros lógico (Andrade - coloradão também, Cunha e Dal Molin - gremistas - o Dal Molin sumiu logo hehehe). O inter ganhou o jogo, para desespero dos São Paulinos e não pude deixar de pensar no meu padrinho Ernesto Coloradão.

No dia 29 partimos para Brasilia (DF) onde encontraríamos nosso fraterno amigo Remi Toscano (que infelizmente nos desencontramos), e participar do Moto-Capital, encontro organizado pela Irmandade Estradeira (www.irmandadeestradeira.com.br) onde confraternizamos com amigos fraternos que a tempos não víamos, além de uma bela confraternização com a Irmandade estradeira e com os Bodes do Asfalto de várias cidades deste grande país. Aproveito para registrar a força dos amigos Brazil Riders (www.brazilriders.com.br), ao Rogério Torres, Master de Brasilia, pela logística, ao Jair Duarte e Marlos, Masters do Paraná, é assim que se fortalece uma grande irmandade. Também era proposição encontrar o Gaudério Bira com sua família, para fazermos uma programação especial junto com os familiares do Renato Lopes que residem em Brasilia e Samambaia. Aliás, eles tem sido nossos anfitriões assíduos por lá... hehehe.

Na noite do dia 30 fomos para a casa do Paulo Renan Lopes (obrigado Renan!), que preparou juntamente com a esposa Kátia, um churrasco e dar “água na boca” só em pensar. Também estavam por lá o Lari e esposa, que foram matar a saudade dos amigos. Lá pelas 21 horas chegou o Birinha e família, claro que o deixamos para fora da casa, adentrando apenas a Rose e filhotes, para “incomodar” chegava nós...kkk.

No dia 01/08 deixamos Brasília para trás e nos largamos na estrada. Após um dia batidinho de pilotagem chegamos a Lins (SP), adiantando em 120 km nosso roteiro, que seria de pousar em São José do Rio Preto. Claro que na chegada em Lins pintou aquela dúvida e passamos pela cidade, nos dando conta quando já estávamos em direção a Marília. Não fosse termos pago duas vezes o pedágio (para passar e voltar) nem lembraríamos hoje deste fato. À noite, após um bom banho, deu uma vontade enorme daquele churrasco Gaúcho. Como pensamento aproxima olhamos pra frente do hotel e eis que surge uma Churrascaria Gaúcha-Pampeana. Uma picanha por favor!

No dia seguinte partimos em direção a Ourinhos (SP). Na chegada, o tempo “deitou uma chuva no lombo, daquelas que o pingo mata pinto”, além do frio e serração. E assim, após a despedida do Andrade, que há dias só chorava a falta da Janete que o esperava em Camboriú (SC), nos arrastamos até União da Vitória (PR), diretamente para o calorzinho aconchegante do Hotel Nota Dez(muito bom!).

Quando acordamos sabíamos que aquele seria nosso último dia na estrada. Após uma breve ligação para a minha mana Cleusa em Passo Fundo (alguém tinha de fazer o sopão do meio-dia), nos largamos na estrada. Quando chegamos em Erechim (que deveria ser com X e não CH...hehehe) causávamos surpresa até nos frentistas dos postos de combustíveis, pois o vento era frio e ardido e eles próprios estavam atendendo de luvas e com um tição de lenha acesso no bolso (barbaridade!). Chegando a Passo Fundo e deu um tempinho para curtir minha mana, e novamente estrada com o pensamento em nossos amores, esposas, filhos e filhas que estavam ansiosos a nos esperar. Na entrada de Santa Maria tiramos uma foto para finalizar e nem nos olhamos mais. Ficou aquela sensação de viajar é tudo de bom!